Publicação é resultado da tese de doutorado do professor Ubiratã Ferreira de Freitas
Na noite da quarta-feira passada (13), foi lançado na Diretoria de Cultura de Taquara o livro “Cotidiano e Trabalho: experiências negras e escravas na província do Rio Grande do Sul”.
A publicação é um estudo sobre a participação e presença da população africana e afro-brasileira nos vales dos Sinos e do Paranhana no século XIX, e é resultado da tese de doutorado do professor de História Ubiratã Ferreira de Freitas.
Cerca de 50 pessoas compareceram ao lançamento do livro, que retrata a população negra escravizada que viveu na região entre 1856 e 1888.
“É um grande trabalho apresentado pelo professor Ubiratã, que encontrou diversos registros sobre este período, sendo um importante resgate histórico do Município e região”, conta a prefeita Sirlei Silveira.
O diretor de Cultura, Luciano Salvaterra, ressalta a importância da obra.
“Este livro é muito importante tanto para a comunidade em geral quanto para a comunidade acadêmica. É uma forma de reconhecer uma comunidade que foi esquecida com o fim da escravidão, sendo necessário o resgate destas histórias vividas aqui nos vales dos Sinos e Paranhana”, ressalta.
Resgate histórico
O livro recém lançado é o terceiro escrito pelo autor, que também publicou “A fronteira é logo ali mas permaneci escravo” e “Caminhos brancos, trajetória negra”.
Ubiratã conta que lançar “Cotidiano e Trabalho: experiências negras e escravas na província do Rio Grande do Sul” em Taquara se deu por conta de o trabalho ser centrado na região.
“No período pesquisado, cheguei a encontrar registros de 763 pessoas escravizadas em cativeiro, através da pesquisa em fontes primárias, com nome, valor e quantidade por proprietário, além de encontrar nomes em livros de batismo. Escolhi apresentar o livro aqui para tirar da invisibilidade essa população, ampliando as discussões sobre o escravismo na região”, explica.
Sobre a publicação, Ubiratã reforça que seu trabalho contribui para o debate sobre o racismo estrutural.
“É fundamental resgatar sobre o passado destas pessoas, principalmente na região, colocando-os no mesmo patamar que quem tem descendência europeia e é tratada como desbravadora destas terras. Os negros foram raptados da África, fizeram o serviço pesado por aqui, mas não foram reconhecidos pela sociedade branca. Portanto, contar sua história busca trazer a sua identidade”, esclarece.
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