O teólogo Romano Guardini, de forma simples, nos diz que Deus pronunciou uma palavra sobre mim e que é só minha. Ele confiou a mim uma missão. Deu-me uma senha que serve só para mim. Essa noção desperta em mim o sentido do meu estar no mundo.
Se eu me perguntar: que rastro estou deixando nesse mundo? Que história eu conto da minha história? Poderia dizer que a minha tarefa é tornar perceptível essa palavra única de Deus, pronunciada sobre mim e que se tornou carne em mim. Fazendo isso, deixo o meu rastro pessoal, minhas marcas.
A cada ser humano é dada essa senha particular. É tarefa de cada um descobrir a sua. Marcar o mundo positivamente é utilizar essa senha e ter o acesso à verdade daquilo que sou e do que sou convidado a fazer. A senha me dá acesso à resposta da pergunta de “porque estou no mundo?” Eu e você estamos no mundo para viver a única vida que Deus nos deu e para fazer audível a palavra pronunciada e confiada a cada um.
Quando falamos que cada um tem uma missão muito especial, estamos trazendo a imagem da obra de cada um. Não estou nesse mundo apenas para viver, para salvar a minha vida. Cuido da minha vida, mas posso ajudar, servir, inspirar, deixar marcas de amor. Ao escutar o meu coração e seus anseios profundos, percebo que sou chamado a um projeto de amor, que pode se expressar em muitas atividades ou, em simplesmente, ser o melhor na situação que estou, sendo um bom pai, uma boa mãe, um ótimo colaborador na entidade, no grupo ou na empresa.
A palavra missão também sintoniza com o propósito de vida. Só que a diferença é que na missão, Deus me confia uma senha. O mais importante é aquilo que eu descubro e faço sintonizado com o amor Dele. Nisso, a nossa tarefa é fazer, por meio de nossa vida, que esse mundo se torne um pouco mais iluminado, mais caloroso, mais amoroso e mais humano.