Homens e mulheres tiveram papel importante durante a Reforma Protestante, mas constantemente só ouvimos sobre os homens. Aqui vamos falar sobre mulheres que foram essenciais para o movimento.
A mais conhecida, Catarina von Bora (1499-1550) era muito mais do que “a esposa de Lutero”. Ex-monja, sabia ler e escrever, o que fez com que tivesse acesso aos manuscritos de Lutero, sendo tocada pela doutrina da justificação pela fé e graça, abandonando a vida como freira.
Era Catarina quem administrava o dinheiro do lar, instalou uma pensão para estudantes, comprou terras, e tratava com os editores dos livros do marido. Participou do processo da Reforma e de conversas teológicas, sua opinião era importante para o marido, que sempre a mantinha informada sobre os acontecimentos de seu tempo através de cartas. Sem dúvida a vida de Catarina influenciou na teologia de Lutero. Em 1520, Lutero disse que Eva era “faladeira e supersticiosa” e deveria ter chamado Adão para lidar com a serpente. Décadas depois, casado com Catarina, passou a se referir a Eva como uma “mulher heroica”, “parceira no comando” e “em parte alguma inferior a seu marido”.
Considerada a primeira pregadora da reforma, Catarina Schutz Zell (1497-1562) casou-se com o sacerdote Matheus Zell, que foi excomungado pela Igreja Católica.
Para defender o marido e outros clérigos excomungados, escreveu uma carta demonstrando seu profundo conhecimento bíblico, onde argumentava contra a excomunhão de seu marido e faz citação ao texto de Paulo em que as mulheres devem ficar caladas (1º Co 14.34) e contra-argumenta com os textos de Gálatas 3.27-28 e de Joel 2.28 para defender as mulheres e o motivo pelo qual se casou. Pregou três durante sua vida, a primeira no velório do marido, causando polêmica na época, pois os sermões eram práticas exclusivas dos homens. Para defender-se, Catarina usa o exemplo de Maria Madalena, que foi considerada apóstola por Jesus. As outras duas foram no enterro de duas mulheres anabatistas. Abrigou muitos pastores perseguidos pela Igreja Católica.
Catarina viveu à frente de seu tempo e seu marido sempre a apoiou, sua vida estava a serviço de Cristo, por isso foi importantíssima em vários períodos da Reforma Protestante.
Quanto não haviam pregadores no local de reunião, era Claudine Levet (1532…?), quem os presentes pediam para explicar a Escritura, porque não podiam encontrar pessoa melhor para a tarefa. Deixando para trás todas as suas riquezas aplicou suas posses no socorro aos pobres.
Argula von Grumbach (1492- 1554) nasceu berço nobre. Aos dez anos ganhou uma Bíblia do pai e iniciou os estudos. É considerada a primeira escritora protestante, escreveu cartas e panfletos defendendo os ideais da Reforma. Argula é uma das poucas mulheres do seu tempo cuja obra literária se converte em verdadeiros bestsellers da época, com dezenas de milhares de exemplares em circulação.
Margarida de Navrarra (1553) foi uma princesa francesa da dinastia Valois. Tornou-se rainha da França quando seu marido, Henrique IV, foi coroado, em 1589. Por ter o acesso facilitado aos estudos destacou-se por sua intelectualidade e assim teve contato com os escritos de Lutero. As novas idéias e doutrinas causaram uma grande mudança dentro dela. Margarida usou dos recursos da época para aproximar as pessoas do Evangelho escrevendo contos que terminavam com valores morais cristãos. Sua produção teológica foi completamente diferente de todo o resto. Sua teologia dialogava com a cultura da sociedade, num estilo de leitura fácil e acessível a todos, mas que não deixava de falar de temas sérios, como os abusos da Igreja. Margarida também usou sua influência para conseguir o perdão da pena de Calvino junto ao governo da França.
É isso! Nem só de Lutero, Calvino, Knox, Melanchton e outros a história é feita. Para muitos pode parecer pouco ou irrelevante o que essas e outras mulheres fizeram, mas considerando a época, seus feitos são memoráveis e inspiradores.