O Estado brasileiro vive uma grave crise fiscal. Em 2018, as contas da União fecharam no vermelho em R$ 120,3 bilhões. Mas em certos setores do serviço público, a crise parece não existir. É o caso de seis diplomatas que atuam no exterior e que recebem, cada um, mais de US$ 10 mil mensais de reembolso pelo aluguel de suas residências. O menor valor (US$ 10.014,27) equivale a R$ 41.191,70, segundo a cotação da última sexta-feira (11).
Além de Hong Kong, os outros “super-auxílios” são pagos a diplomatas em Nova York e São Francisco (EUA); em Genebra (Suíça) e em Sydney (Austrália).
As informações desta reportagem foram obtidas por meio da ferramenta Siga Brasil, do Senado Federal. Os mesmos dados foram confirmados pelo Ministério das Relações Exteriores, em resposta a um pedido formulado nos moldes da Lei de Acesso à Informação (LAI). A princípio, nada há de irregular ou ilegal nos reembolsos – apesar do contraste com os cortes de verbas em outras áreas do serviço público.
Os reembolsos de aluguel pagos aos diplomatas estão entre os maiores do governo federal – senadores da República, por exemplo, recebem R$ 5,5 mil, caso não usem apartamentos funcionais. Como, no entanto, não existem dados unificados sobre este tipo de pagamento em todos os poderes, é impossível afirmar com certeza que o auxílio-moradia recebido pelos diplomatas é o maior da República.