No cenário de inovação em infraestrutura viária, um estudo pioneiro acaba de ser reconhecido pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), consolidando-se como um marco para o setor.
A pesquisa intitulada “Compósitos de cimento, emulsão com fresado asfáltico e agregados virgens para bases de elevado desempenho”, desenvolvida pela concessionária de rodovias Ecovias Sul em parceria com o Laboratório de Pavimentação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Lapav/UFRGS), foi aprovada após uma rigorosa avaliação da ANTT, confirmando sua relevância técnica, científica e ambiental.
O estudo teve como objetivo principal desenvolver e avaliar novas composições para bases e sub-bases rodoviárias utilizando materiais estabilizados a frio do tipo BSM (Bitumen Stabilized Material). Esse material, estabilizado com emulsão asfáltica, inclui agregados virgens, asfalto fresado (retirado da pavimentação e reaproveitado) e cimento em sua composição. Sua utilização a frio favorece a reciclagem, que pode ser realizada tanto in loco quanto em usina.
“A proposta está alinhada à busca por soluções mais sustentáveis e eficientes para a infraestrutura viária brasileira, reduzindo o impacto ambiental ao reutilizar materiais reciclados e minimizar o uso de agregados naturais”, afirma o gerente de Engenharia da Ecovias Sul, Miquéias Neuenfeld. Ele explica que o trabalho foi viabilizado por meio de verbas do programa Recurso para Desenvolvimento Tecnológico (RDT), destinadas às concessionárias de rodovias federais para investimento em pesquisa e desenvolvimento de produtos e serviços voltados à infraestrutura rodoviária. “São recursos anuais voltados à produção de conhecimento nas mais diversas áreas da indústria rodoviária”, destaca.
No projeto RDT da Ecovias Sul com o Lapav, foi analisada uma mistura estabilizada com emulsão por meio de ensaios laboratoriais e de monitoração, inicialmente, de dois trechos experimentais em escala real: o primeiro trecho foi construído no km 495 da BR-116/RS, em Pelotas, e o segundo foi avaliado por simulador de tráfego no laboratório da UFRGS. Posteriormente, outros três trechos experimentais também foram estudados no Polo Rodoviário de Pelotas: km 416 (Camaquã) e km 506 (Pelotas), ambos na BR-116, e km 175 (Piratini), na BR-392.
Os resultados foram promissores: as misturas estabilizadas apresentaram excelente desempenho estrutural, resistência progressiva ao longo do tempo e adaptação às condições climáticas e de tráfego das rodovias. Além disso, a pesquisa permitiu avanços significativos na compreensão do comportamento mecânico dos materiais, fornecendo subsídios para normatizações futuras.
A pesquisa também resultou na elaboração de uma minuta de norma técnica para bases de elevado módulo, que será submetida ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), e na participação ativa na formulação de uma norma brasileira da ABNT relacionada ao Full Depth Reclamation (FDR).
Ao avaliar o Relatório Final da pesquisa, a ANTT destacou que todos os objetivos foram plenamente alcançados, ressaltando a contribuição do estudo para a modernização e sustentabilidade da infraestrutura viária nacional. O projeto foi conduzido dentro das diretrizes estabelecidas pela Portaria SUINF/ANTT nº 68/2019, com rigor metodológico e ampla divulgação dos resultados. Com a aprovação, a Ecovias Sul publicou o Relatório Final em seu site, ampliando o acesso às informações e incentivando outras iniciativas semelhantes no setor.
Futuro da Infraestrutura Viária
Para o diretor-superintendente da Ecovias Sul, o reconhecimento da ANTT reforça a importância da pesquisa e do desenvolvimento tecnológico para a evolução da infraestrutura viária brasileira. “A adoção de materiais sustentáveis e técnicas inovadoras, como os compósitos estabilizados a frio, representa um caminho promissor para reduzir impactos ambientais, otimizar custos e garantir rodovias mais seguras e duráveis”, afirma Medeiros. Ele ressalta que essa iniciativa abre caminho para um futuro em que a engenharia rodoviária alia alto desempenho à responsabilidade ambiental, promovendo um novo paradigma para as estradas brasileiras.
Impactos e Benefícios
O estudo trouxe contribuições significativas para a engenharia rodoviária. Entre os principais avanços, destacam-se:
Sustentabilidade: Redução do passivo ambiental ao reutilizar fresado asfáltico e minimizar o uso de materiais virgens.
Desempenho estrutural: Melhoria na resistência e durabilidade das bases rodoviárias.
Eficiência econômica: Redução de custos a longo prazo com manutenção e reabilitação de pavimentos.
Transferência de conhecimento: Publicação de artigos científicos, apresentação em congressos e realização de workshops.
Inovações tecnológicas
Ao longo de seus quase 27 anos de atuação, a Ecovias Sul tem investido em tecnologias sustentáveis para a engenharia rodoviária, buscando soluções inovadoras que reduzam impactos ambientais e garantam maior eficiência na manutenção das rodovias.
Entre essas iniciativas, destaca-se o uso da mistura asfáltica morna com CAP modificado com borracha, que incorpora de 15% a 20% de pneus descartados, reduzindo a destinação inadequada desse resíduo e minimizando a emissão de substâncias nocivas, como o sulfeto de hidrogênio. Além disso, a técnica permite a usinagem e aplicação a temperaturas até 40ºC inferiores às convencionais, melhorando a adesividade do material e otimizando seu transporte e compactação.
Desde 2016, a concessionária também utiliza sensores sônicos em vibroacabadoras, garantindo um mapeamento preciso da superfície da pista e ajustes automáticos para corrigir irregularidades, proporcionando maior qualidade e segurança no pavimento final.
Nas Vias da Sustentabilidade, Agenda ESG 2030
Investir na infraestrutura rodoviária do país e gerar impactos socioeconômicos de forma sustentável é parte da estratégia de negócios e da cultura da EcoRodovias, da qual a Ecovias Sul faz parte. Aspectos ambientais, sociais e de governança (ESG) são pilares considerados em todos os projetos e ações internas e externas da empresa. A companhia mantém metas para alcançar elevados patamares de segurança viária, segurança do trabalho, diversidade, equidade e inclusão, além de reduções nas emissões de CO2. A atuação com ética e transparência é resultado de treinamentos e de processos rigorosos de governança e compliance. Listada no Novo Mercado da B3, a EcoRodovias integra importantes carteiras e índices relacionados a práticas ambientais, sociais e de governança e possui diversas certificações internacionais, incluindo a ISO 37001 de combate ao suborno. Ser o melhor gestor de infraestrutura rodoviária do Brasil, com sustentabilidade, é o que move a EcoRodovias.
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