Nesta quarta-feira, 6, professor e pesquisador Fernando Fan apresentou desastre climático de 2024 no Rio Grande do Sul pela perspectiva da ciência
Uma análise da ciência no passado, presente e futuro, a partir da experiência de pesquisadores durante o maior desastre climático da história do Rio Grande do Sul foi apresentada na palestra de abertura do Inovamundi 2024.
O evento de ciência e inovação da Universidade Feevale, que chega à sua 16ª edição, teve início nesta quarta-feira, 6, no Teatro Feevale, e segue até 14 de novembro.
O objetivo é estimular a produção, a divulgação e a discussão dos conhecimentos científicos, tecnológicos e sociais desenvolvidos por estudantes de todos os níveis de ensino.
Durante a abertura, o pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão da Feevale, Fernando Spilki, destacou que já foram apresentados, em todas as sessões do Inovamundi ao longo dos anos, mais de 17 mil trabalhos.
“Em uma região como a nossa, com universidades jovens – assim como a Feevale -, é muito bacana imaginar que tantos alunos participaram dessa aventura de produção de conhecimento. O nosso modelo de ensino e de desenvolvimento das pessoas conta com esse contingente importante”, pontuou.
Nesse ano, o Inovamundi contará com 1.075 apresentações científicas nas mais diversas áreas do conhecimento, oriundas da Feevale e de diversas instituições do Estado, do Brasil e de seis países.
O número de trabalhos inscritos chegou a 1309. Em sua fala, o reitor José Paulo da Rosa enfatizou a importância da valorização da pesquisa e da ciência.
“É um trabalho relevante que vocês desenvolvem, que caracteriza o propósito da educação superior, de envolver ensino e pesquisa, procurando ajudar a sociedade e o mundo do trabalho a solucionar problemas e a encontrar soluções”, afirmou.
Papel da ciência antes, durante e depois do desastre
O professor e pesquisador Fernando Mainardi Fan, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi o ministrante da palestra Desastre climático de 2024 no RS: a ciência no passado, presente e futuro.
Ele dividiu sua fala em três etapas, inicialmente destacando os fatores que levaram até a ocorrência das cheias de maio. Em seguida, apontou como a ciência pode contribuir num contexto de desastre. Por fim, indicou formas de lidar com futuras cheias e outros desastres ambientais.
Segundo Fan, o desastre foi gerado pela combinação da topografia das áreas afetadas, o fenômeno atmosférico do período e o gigantesco volume de chuvas que atingiu o Estado.
“Chegamos à conclusão, observando os dados históricos de todo o Brasil, que essa foi, considerando o tamanho da área afetada, a maior chuva que já aconteceu no país. Um novo recorde foi estabelecido”, afirmou, apontando que esses mesmos dados indicam que as cheias vêm aumentando ao longo dos últimos 35 anos.
“O Sul do Brasil, segundo projeções de mudança climática, vai passar por um aumento da ocorrência de cheias. Elas serão maiores, mais fortes e mais frequentes. Aparentemente, o evento desse ano tem tudo a ver com essa projeção que está em andamento”, sugeriu.
Para indicar as formas com que a ciência pode contribuir em contextos de desastres, o professor apontou algumas das ações desenvolvidas pelos pesquisadores do IPH durante a enchente.
Dentre elas, destacam-se a elaboração de mapas de perigo e de movimentos de massa, que indicaram as áreas que seriam inundadas na hipótese de falhas do sistema de proteção contra cheias e locais suscetíveis a deslizamentos; coleta e análise de amostras de água; levantamento de dados em campo; medição de vazão das águas; e publicação de nota técnica apontando os critérios para reconstrução de infraestrutura com base em mudanças climáticas.
Para finalizar, Fan indicou formas de enfrentamento a futuros desastres e prevenção dos riscos. Para ele, os processos, em ordem de menor a maior prioridade, seriam: medidas estruturais; medidas não estruturais; sistemas de previsão; dados básicos; e pessoas e instituições.
“A menor prioridade seriam as medidas estruturais, como construção de barragens e diques, porque elas são muito caras. A gente constrói e precisa ficar mantendo, senão elas falham. E essas medidas também podem trazer uma falsa sensação de segurança, porque se elas não estivesses ali, talvez ninguém tivesse construído infraestrutura no local e o dano não seria tão grande”, afirmou.
Por outro lado, para o pesquisador, as pessoas e as instituições são fundamentais, porque o acesso ao melhor sistema de alerta de cheias, por exemplo, é irrelevante diante da falta de profissionais para operá-lo ou comunicar as informações.
“Antes de eu ter o melhor sistema de alerta, o software mais avançado, o melhor equipamento de coleta de dados, o melhor dique de proteção ou a melhor infraestrutura, eu tenho que ser melhor. E a gente é melhor com instituições mais fortes, equipes mais capacitadas e mais ciência contribuindo para esse tema”, finalizou.
Fernando Mainardi Fan é graduado em Engenharia Ambiental, além de mestre e doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, tendo realizado doutorado-sanduíche na Universität Duisburg-Essen, na Alemanha.
Professor adjunto do IPH e pesquisador bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ele possui experiência com sistemas de informação geográfica (SIG), geoprocessamento, estudos hidrológicos, simulação hidrológica, previsão de vazões, estudos e modelagem de qualidade da água e estudos de águas subterrâneas e sedimentos.
Atividades científicas do Inovamundi
– Seminário de Pós-graduação (SPG) – 7 a 9 de novembro: divulgação de pesquisas da pós-graduação lato (especialização e MBA) e stricto sensu (mestrados e doutorados)
– Feira de Iniciação Científica (FIC) – 11 a 14 de novembro: apresentação de pesquisas de estudantes de graduação
– Salão de Extensão (SE) – 11 a 14 de novembro: socialização das ações voltadas à comunidade, produzidas pela Extensão Universitária
– Feira de Iniciação à Pesquisa (FIP) – 9 de novembro: divulgação de pesquisas realizadas por estudantes da educação básica
*todos os horários e locais das apresentações poderão ser consultados no site www.feevale.br/inovamundi
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