Maria Cecília Aragón de Vecino, neurologista e coordenadora do Núcleo de Esclerose Múltipla e Doenças Desmielinizantes do Hospital Moinhos de Vento, está otimista.
Os pacientes com esclerose múltipla (EM) agora têm acesso a novos tratamentos e os estudos clínicos do Hospital trazem resultados cada vez mais promissores.
Conheça, abaixo, todas as novidades e os progressos em relação à doença:
Atualmente, qual é a pergunta mais frequente em seu consultório sobre a esclerose múltipla?
Maria Cecília Aragón de Vecino – Atualmente, o que mais nos perguntam é se temos novos tratamentos para a doença.
Realmente, temos. Estamos conseguindo ter novas drogas que resolvem alguns problemas e outras que melhoram ainda mais a condição de vida da pessoa, facilitando o dia a dia.
Também é importante falarmos do que as pessoas não veem: o desenvolvimento de novas medicações.
Então, quais são as novas medicações que estão surgindo para tratar a doença?
Maria Cecília – No mercado, hoje, temos novas drogas para o grupo surto-remissão (ou remitentes-recorrentes), que consiste na maioria dos casos de esclerose múltipla.
A doença, nestes pacientes, se caracteriza por surtos, que são a ocorrência de sintomas novos ou recidiva de outros que tenham ocorrido anteriormente e que tenham duração de mais de 24h.
Atualmente, temos medicações específicas para o manejo deste grupo, com uso mais simplificado.
Uma delas é uma injeção subcutânea, que o paciente faz uso a cada quatro semanas. É como a da insulina, só que mais simples.
A aparência é de uma caneta, que faz apenas um clique na pele. Isso garante autonomia para a pessoa, porque ela não precisa ir a nenhum lugar para fazer uma infusão, o que sempre demanda tempo e exige alguma logística.
Ou seja, é uma droga boa, eficaz e que ainda facilita a rotina de quem vive com EM.
Existem novidades para outros grupos de pacientes com esclerose múltipla?
Maria Cecília – Sim, no último ano uma boa aquisição foi a chegada da primeira droga para um grupo que é chamado de secundariamente-progressivo.
Na maior parte da evolução da doença na forma remitente-recorrente e, em um determinado momento, começam a não ter os surtos que caracterizam esta fase, mas percebem uma piora continuada de alguma função; que vai evoluindo lentamente.
Agora, temos um medicamento voltado especificamente para este grupo, que deve ajudá-los.
Afinal, qual é o principal objetivo dos tratamentos da esclerose múltipla?
Maria Cecília – Todos os tratamentos da esclerose múltipla visam parar a atividade da doença no nível clínico e no radiológico.
E o nosso objetivo é manter a doença parada, mesmo que não cure. Mas que permaneça parada e o paciente, funcionalmente, bem.
Hoje, como a senhora avalia os tratamentos da esclerose múltipla?
Maria Cecília – É uma alegria poder contar com drogas específicas para todos os tipos da doença.
Temos um arsenal muito rico para o grupo remitente-recorrente, que, como disse antes, é a maioria.
Também temos uma medicação voltada aos secundariamente-progressivos. E, há mais tempo, uma droga focada nos primariamente-progressivos.
Então, temos tratamentos mais amplos, mais eficazes e mais específicos, que beneficiam os pacientes diretamente.
E o que é a terapia de indução?
Maria Cecília – Atualmente, também temos um tratamento diferente, que chamamos de terapia de indução.
São drogas de alta potência, com uma eficácia muito importante, usadas em ciclos anuais. Ou seja, o paciente faz em dois anos.
Não precisa de um tratamento contínuo. Uma minoria de indivíduos vai ter que fazer um novo ciclo, em cinco anos.
Mas a proposta é de que a pessoa faça esses dois ciclos, com intervalo de um ano, e fique tratada.
Lembrando que esses pacientes que usam a medicação de indução têm características específicas.
Essa terapia não é usada para a maioria das pessoas hoje em dia.
E os transplantes ainda são indicados?
Maria Cecília – Depois do auge da pandemia, os transplantes já foram retomados, e são uma forma de tratamento extremamente eficaz.
Entretanto, obviamente, também não são indicados para todos os pacientes.
Quais são as novidades do Hospital Moinhos de Vento para os pacientes com EM?
Maria Cecília – No Hospital, estamos fazendo pesquisa clínica com drogas novas, altamente promissoras. São medicamentos semelhantes a alguns que estão no mercado, mas com perfis ajustados e a possibilidade de aumentar alguns pontos de rendimento.
Os estudos estão indo bem e beneficiam os pacientes.
E ainda temos outros estudos clínicos, com uma nova categoria de drogas, com mecanismos de ação diferente dos que estão em comercialização no mundo e com uma proposta de tolerância e eficácia muito boas.
Quais são as vantagens, diretas, para os pacientes que participam dos estudos clínicos do Hospital Moinhos de Vento?
Maria Cecília – É um prazer ver os pacientes que estão nos estudos clínicos indo bem, tanto do ponto de vista neurológico quanto da repercussão clínica, que é minimizada ou nenhuma.
Para quem tem dificuldade de acesso ao tratamento, por exemplo, a pesquisa clínica abre todas as possibilidades, porque o paciente inserido em um estudo clínico tem todo o atendimento garantido, com infusões, exames de laboratório, de ressonância, além de atendimento completo com médicos e enfermeiras.
Isso tudo beneficia muito as pessoas.
Para mais informações, agende uma consulta com os especialistas do Núcleo de Esclerose Múltipla e Doenças Desmielinizantes do Hospital Moinhos de Vento. Telefone para contato: (51) 3314-3434.
Saiba Mais.