O câncer de bexiga é um dos mais agressivos e atinge cerca de doze mil pessoas por ano no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Por esse motivo, surgiu o “Julho Roxo”, mês de conscientização sobre a doença, no qual especialistas dizem ser importante falar, também, na cessação do tabagismo.
Felizmente, com o avanço da ciência e da tecnologia, surgiram novas opções de tratamento para essa neoplasia, como a cirurgia robótica.
Para saber mais sobre o câncer de bexiga, seus sintomas e como tratá-lo, André Berger, chefe do Núcleo de Medicina Robótica do Hospital Moinhos de Vento, esclarece as principais dúvidas sobre o assunto.
1-Quais são os principais sintomas do câncer de bexiga?
Dr. André Berger – O mais importante é a hematúria indolor, ou seja, o sangue na urina.
Então, quando for encontrado sangue na urina, que não está relacionado a outros sintomas, isso não pode ser ignorado.
Também é possível que o indivíduo sinta ardência ou perceba um aumento da frequência urinária.
2-Então, quais seriam os principais exames para detectar o câncer de bexiga?
Dr. André Berger – Os principais exames de investigação para o câncer de bexiga são a tomografia e a ressonância magnética.
Para o diagnóstico, é recomendada a cistoscopia (endoscopia da bexiga) com biópsia e ressecção.
3-Quais são os tratamentos mais indicados para o câncer de bexiga?
Dr. André Berger – Para o câncer de bexiga mais superficial é indicada a cistoscopia com RTU (ressecção ou raspagem) através da uretra do tumor com ou sem aplicação de medicamento colocado na bexiga (como BCG ou quimioterapia).
Para uma doença mais profunda (que invade a camada muscular), o melhor tratamento oncológico é a retirada da bexiga e dos gânglios linfáticos, além da reconstrução do trato urinário com intestino, precedida de quimioterapia.
Outra alternativa, sobretudo em pacientes sem condição cirúrgica, seria a quimioterapia seguida da radioterapia.
4-Como é a cirurgia robótica recomendada para o câncer de bexiga?
Dr. André Berger – A cirurgia robótica do câncer de bexiga é um método bem menos invasivo em relação a esse tipo de procedimento, que é extremamente complexo.
Na verdade, essa é uma das maiores cirurgias que se faz na área da Urologia, pois consiste na retirada da bexiga e dos gânglios linfáticos e na reconstrução do trato urinário.
Ou seja, é preciso pegar um pedaço do intestino e reconfigurá-lo, seja para fazer um conduto (em que o paciente use uma bolsinha externa) ou para criar uma nova bexiga, em que o paciente não usa bolsa externa e consegue urinar normalmente pela uretra.
5-Quais são as vantagens da cirurgia robótica?
Dr. André Berger – A cirurgia robótica diminui o sangramento e a necessidade de transfusão sanguínea.
Também abrevia o tempo de hospitalização e acelera a recuperação dos pacientes.
Ela pode ser considerada um grande avanço no tratamento do câncer de bexiga, desde que seja feita em um centro de referência e por uma equipe experiente, pois é uma cirurgia extremamente complexa e que envolve os aspectos de retirada do tumor e também de reconstrução do trato urinário, com manipulação do intestino, como disse anteriormente.
Os dados mais recentes da literatura reforçam essas informações. Estudos comparativos mostram uma menor taxa de complicações graves e até menor taxa de mortalidade, relacionadas à cirurgias feitas por via robótica.
6-É verdade que o tabagismo é o principal fator de risco para desenvolver o câncer de bexiga?
Dr. André Berger – Sim. O principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer de bexiga é o tabagismo.
Então, é importante neste “Julho Roxo”, mês de conscientização sobre a doença, promover campanhas de cessação do tabagismo, já que é a principal causa do início do câncer de bexiga e também piora as condições clínicas dos pacientes.
Portanto, quando falamos em câncer de bexiga é importante falarmos em cessação do tabagismo também.
7-Por que o câncer de bexiga é tão grave?
Dr. André Berger – O câncer de bexiga é um dos mais letais. Então, se não tratado apropriadamente e no tempo correto, pode acabar causando um grande número de mortes e de morbidade.
Ou seja, os pacientes acabam tendo complicações relacionadas à doença que são muito importantes e vão interferir, além da sua longevidade, na sua qualidade de vida.
8-Qual é o perfil do paciente com câncer de bexiga?
Dr. André Berger – O indivíduo com câncer de bexiga é um paciente complexo, que está enfrentando uma doença letal e que, normalmente, tem várias comorbidades.
Então, é uma pessoa que fumou por bastante tempo, que já tem algum grau de disfunção respiratória, por vezes está desnutrido e também tem alguns problemas cardiovasculares.
Então, quando tem uma doença musculoinvasiva, precisa passar por uma cirurgia complexa, que exige muito na recuperação.
Assim, este paciente precisa ser bem avaliado, bem diagnosticado e, normalmente, esses casos têm que ser discutidos com uma equipe multidisciplinar, que vai envolver oncologistas, radioterapeutas, cirurgiões e outros profissionais da saúde para que, realmente, ele tenha a melhor chance de sobreviver a essa doença e retomar a sua qualidade de vida.
9-Como enfrentar o câncer de bexiga?
Dr. André Berger – O segredo aqui é, realmente, centralizar esse cuidado em lugares de referência, como o Centro do Homem e da Mulher do Hospital Moinhos de Vento, que conta com todo esse time multidisciplinar e oferece o que tem de melhor em tecnologia para ajudar esses pacientes e fazer com que a batalha contra esse câncer tão ameaçador, seja vencida.
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