• 22 de novembro de 2024 16:52

Estudo busca melhorar o SUS em diagnóstico de tuberculose em jovens

ByRafaela Andrighi

jan 24, 2023
Crédito das fotos: Renan Martins Alves

Estudo do Hospital Moinhos de Vento sobre a Prevalência Nacional de Agentes Respiratórios em Crianças e Adolescentes foi apresentado no evento Conexão Proadi

A incidência de doenças respiratórias em crianças e adolescentes é alta em todos os anos, mas a prevalência da tuberculose nesta população é algo que desafia a saúde no Brasil.

Da estimativa de 70 mil casos anuais de infecção por Mycobacterium tuberculosis (bactéria que causa a doença) registrados pelo Ministério da Saúde, cerca de 3% ocorrem na população infantil.

Além das mais de duas mil crianças que recebem o resultado positivo, existem muitas outras que não têm acesso ao diagnóstico pela dificuldade de identificação da doença neste público.

A consultora técnica do Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde, Fernanda Dockhorn Costa, reforçou a preocupação com a importância de diagnosticar e tratar esses pacientes durante a sua participação no evento Conexão Proadi, realizado pelo Hospital Moinhos de Vento, na última quinta-feira (19).

O encontro teve por objetivo explicar a importância e os objetivos do Estudo Epidemiológico sobre a Prevalência Nacional de Agentes Respiratórios em Crianças e Adolescentes (TB PED PROADI-SUS) liderado pelo Hospital Moinhos de Vento em parceria  com o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS).

“Sabemos a relevância da tuberculose. O levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstrou que mais de 10 milhões de pessoas foram acometidas pela doença em 2021. E o Brasil continua figurando entre os 30 países de maior incidência”, ressaltou a gerente médica do Hospital Moinhos de Vento, Juçara Gasparetto Maccari.

A médica se diz orgulhosa por ver o hospital liderar um projeto com essa importância para a saúde pública do país.

A líder operacional do projeto TB PED, Marcia Polese Bonatto, explicou que as crianças têm poucas bactérias e isso dificulta o diagnóstico da tuberculose.

“O TB PED propõe, por meio da coleta de escarro induzido, qualificar a amostra pediátrica com possível aumento de sensibilidade nos testes laboratoriais, desta forma, auxiliando no aumento do diagnóstico da tuberculose”, destacou.

O estudo conta com a participação de 22 centros recrutadores, distribuídos entre as regiões Sul, Sudeste, Norte e Nordeste do Brasil. São convidados da pesquisa menores de 15 anos. Até o momento, mais de 120 participantes foram recrutados.

Treinamento de profissionais

A especialista acrescentou que, além das grandes entregas em formato de pesquisa, com o recrutamento de participantes nos estudos, o Projeto TB PED elaborou materiais educativos com o intuito de qualificar profissionais de saúde e com impacto direto no SUS.

O curso EAD “Diagnóstico, tratamento e vigilância da infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis (ILTB)” está disponível na plataforma eDX do Hospital Moinhos de Vento.

No canal do YouTube do Hospital, também é possível conferir vídeos com as técnicas necessárias ao diagnóstico. Todo material é gratuito e quem participa recebe certificado após a conclusão.

Desafios da doença

Em torno de 25% da população mundial pode estar infectada por Mycobacterium tuberculosis com a chamada infecção latente — que significa que a doença não está ativa — e, ao longo dos anos, esses indivíduos poderão desenvolver o quadro de tuberculose ativa.

Segundo a OMS, 15% dos casos devem acontecer ainda na infância.

A tuberculose afeta desproporcionalmente alguns grupos sociais, estando muito relacionada à pobreza e aos pacientes imunodeprimidos, pontuo a técnica do Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde, Fernanda Dockhorn Costa.

“Mas as crianças são um grupo específico e vulnerável, que é desfavorecido no contexto do diagnóstico e do tratamento. Por ser uma doença tão silenciosa e de difícil acesso, acaba sendo negligenciada”, afirmou.

Um dos principais pontos de atenção destacados pelo professor do Departamento de Pediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Clemax Couto Sant’Anna é a diminuição progressiva da vacinação da BCG entre os nascidos vivos no país.

“A vacinação é algo muito importante, porque ela previne o avanço da doença para os casos mais graves. No entanto, ao longo dos anos, a adesão tem sido menor. Chegamos ao patamar de apenas 56% vacinados”, alertou.

Em relação ao diagnóstico, de acordo com o especialista, hoje ele é feito pela avaliação clínica, de forma geral.

Mas o médico projetou que o estudo trará uma contribuição mundial importante para o combate à doença, e não apenas para o Brasil.

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