Estudo que identificou que mais da metade dos jovens brasileiros tinham infecção pelo HPV agora vai avaliar o impacto da vacinação em todo o país
O Hospital Moinhos de Vento está capacitando equipes de saúde que vão atuar no Estudo de Prevalência do Papilomavírus no Brasil (POP-Brasil).
Na última quinta-feira (3), ocorreu o treinamento teórico e prático de enfermeiras que trabalham em cinco unidades de saúde do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), em Porto Alegre, — Costa e Silva, Sesc, Vila Floresta, Santíssima Trindade e Parque dos Maias — e que vão atuar na etapa 2 do projeto.
O trabalho já havia sido realizado nos meses de abril e setembro em outras 16 unidades de saúde vinculadas ao Hospital Divina Providência.
Desde dezembro de 2020, início da segunda etapa, 350 profissionais de 25 capitais foram capacitados.
A pesquisa, uma parceria com o Ministério da Saúde através do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), tem como principal objetivo avaliar o impacto da vacinação contra o HPV em todas as regiões do país.
Dados da primeira etapa mostraram que mais da metade dos jovens brasileiros tiveram infecção pelo HPV.
“O estudo é essencial para avaliar e determinar os próximos passos a serem seguidos na vacinação contra o HPV no Brasil”, revela a líder do projeto e pesquisadora do Hospital Moinhos de Vento, Eliana Wendland.
O grupo foi capacitado a realizar uma nova edição de coleta de dados e de testagem, no mesmo modelo usado entre 2015 e 2017 — primeira etapa do estudo.
Na parte teórica, as enfermeiras foram orientadas em relação à aplicação de questionário e coleta de material biológico, e na parte prática, fizeram a simulação e certificação de entrevistas.
As coletas contemplam entrevista e coleta de material biológico genital, anal e de sangue feitas por profissionais de saúde.
As amostras genitais e anais serão utilizadas para avaliar a prevalência de HPV e as de sangue para testes de anticorpos específicos contra os tipos de HPV incluídos na vacina.
Assim, será possível avaliar se houve diminuição da prevalência ou persistência da infecção em indivíduos vacinados e não vacinados.
“O treinamento garante que os protocolos de pesquisa sejam seguidos adequadamente e com resultados fidedignos”, ressaltou a pesquisadora responsável pelo Controle de Qualidade do Hospital Moinhos de Vento, Tássia Rolim Camargo, que realizou o treinamento junto com a enfermeira de Projetos Sociais, Camila Bonalume Dall’Aqua.
Estudos sobre HPV
Desde 2015, o Hospital Moinhos de Vento, em parceria com o Ministério da Saúde, lidera um trabalho epidemiológico nacional sobre o HPV, PROADI-SUS.
A iniciativa busca avaliar o impacto da infecção pelo papilomavírus humano em três estudos: POP-Brasil (avalia a prevalência de HPV nacionalmente, monitorando o impacto da vacinação), SMESH (avalia a prevalência de HPV em populações de alto risco) e STOP-HPV (avalia a associação de HPV e câncer de cabeça e pescoço).
O estudo POP-Brasil conta com jovens entre 16 e 25 anos que já tenham tido relações sexuais (na participação nas unidades de saúde, eles respondem a uma entrevista sobre comportamento sexual, características sociodemográficas, fumo, uso de álcool e outras drogas, conhecimento sobre HPV e vacinação, além de fazerem coletas de material biológico).
O estudo, que finaliza em 2023, tem como benefício direto ao participante o resultado de HPV genital, que atualmente não é disponibilizado no sistema público de saúde.
Na primeira etapa foi encontrada alta prevalência de HPV em todas as regiões brasileiras, sendo as maiores no Nordeste (58,09%), seguido do Centro-Oeste (56,46%) e do Norte (53,54%).
Também apontou que a prevalência estimada da infecção entre jovens era de 53,6% dos quais 35,2% eram casos de HPV de alto risco, relacionado a determinados tipos de câncer.
Sobre o HPV
Segundo o Ministério da Saúde, o HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) é um vírus que acomete a pele ou mucosas (oral, genital ou anal), tanto de homens quanto de mulheres, podendo provocar verrugas anogenitais (região genital e no ânus) e câncer, a depender do tipo de vírus.
O vírus, quando de alto risco, pode provocar câncer de colo uterino, além de outros tumores como câncer vulvar, vaginal, peniano e ânus.
A infecção pelo HPV não apresenta sintomas na maioria das pessoas.
Entretanto, nos casos de baixo risco, podem aparecer verrugas na região genital, ânus ou na boca.
O tratamento consiste na eliminação das verrugas, uma vez que não há tratamento para o vírus.
Já o diagnóstico é realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais, dependendo do tipo de lesão.
Como forma de prevenção, assim como para outras infecções sexualmente transmissíveis, a orientação é utilizar preservativo nas relações sexuais.
Saiba Mais.