Realizado pelo Consórcio Pró-Sinos, levantamento destaca que período chuvoso costuma influenciar os resultados
O Consórcio Pró-Sinos divulgou os dados de julho de seu Programa de Monitoramento Espacial, que verifica as condições das águas do Rio dos Sinos em 24 pontos representativos.
A campanha do último mês demonstra a habitual diferença de valores na qualidade da água entre as porções 1 e 2 da bacia.
Trata-se do resultado do lançamento de esgotos não tratados nos cursos de água, que ocorre em regiões densamente habitadas. A primeira porção concentra os pontos de P1 a P12, e a segunda, de P13 a P25.
Na avaliação do diretor-técnico do consórcio, Hener de Souza Nunes Júnior, o período mais chuvoso continua influenciando os resultados, diluindo a carga de contaminantes proveniente das cidades.
“Na maior parte dos pontos, verificamos pequenas oscilações ao redor de valores médios, característicos da época. Isso está relacionado à ocorrência ou não de chuvas no período imediatamente precedente às medições e coletas de amostras”, destaca o diretor.
De acordo com o monitoramento, na primeira porção, dos pontos mais próximos às nascentes do Rio dos Sinos e seus afluentes, estão os melhores resultados, em especial, nos pontos P6 e P12.
“Em geral, houve uma pequena queda nos valores do Índice da Qualidade da Água (IQA) dos pontos da região, o suficiente para passar a classificação dos demais pontos de boa para regular.
No entanto, em nenhum dos pontos foi identificada qualidade classificada como ruim”, avalia.
Já na segunda porção, o Índice da Qualidade da Água (IQA) continua mostrando valores baixos, classificados de razoável a ruim.
O novo ponto de monitoramento instalado, o P25, apresentou qualidade compatível com os pontos da segunda porção, demonstrando a influência das cidades a montante (rio acima).
“Embora a gravidade do quadro de contaminação das águas tenha diminuído levemente, ela permanece presente e está apenas oculta pela maior vazão dos rios e arroios”, observa.
Nos pontos monitorados pela Prefeitura de Esteio, os valores de IQA oscilaram em torno da média verificada nas medições anteriores.
Houve uma pequena melhora de qualidade nos pontos anteriores à passagem pela região urbanizada, assim como uma piora nos pontos posteriores a essas regiões.
P16 registrou o aparecimento de espuma
Durante a coleta, foi identificado o aparecimento de espuma no P16 (Rio dos Sinos, próximo à foz do Arroio João Corrêa), vinda de montante.
Conforme o monitoramento, a espuma é formada por agentes químicos surfactantes — substâncias que produzem a diminuição da tensão superficial dos líquidos —, como os detergentes. A espuma também surge produzida por alguns agentes biológicos naturais, embora não com a quantidade constatada.
“Este é um dos resultados que esperamos entregar aos municípios a partir do Programa de Monitoramento Espacial, possibilitando o alerta a situações atípicas e a indicação de ações de fiscalização. Notificamos a Secretaria de Meio Ambiente de São Leopoldo, que deslocou uma equipe de fiscalização para averiguar”, destaca Hener.
Na vistoria, foi constatado que a origem da espuma no Rio dos Sinos era a foz do Arroio Cerquinha, afluente do Sinos que drena uma ampla região nos bairros Campina e Scharlau.
De acordo com a secretaria, não foi identificada nenhuma origem provável da substância devido à grande área da microbacia do Arroio Cerquinha.
O monitoramento
Mensalmente, o Consórcio Pró-Sinos monitora nove parâmetros de qualidade da água em 24 pontos da Bacia do Rio dos Sinos.
A partir desses parâmetros — Coliformes Termotolerantes, pH, Nitrogênio, Fósforo, Oxigênio Dissolvido, Demanda Bioquímica de Oxigênio, Temperatura, Turbidez e Sólidos Totais — é calculado o Índice da Qualidade da Água (IQA), um número que permite uma avaliação genérica, mas significativa, das condições da água no local.
O IQA é avaliado em uma escala que varia de zero a cem, sendo os valores mais baixos indicativos de uma qualidade muito ruim e valores mais altos, indicativos de boa qualidade.
A equipe técnica do Pró-Sinos acompanha esses dados mensalmente. São informações relevantes, que podem servir de alerta e apoiar tomadas de decisão e ações.
O exame dos valores obtidos para o IQA nos diversos pontos monitorados permite segmentar a bacia em duas porções: áreas com baixo adensamento populacional, mais próximas das nascentes do Rio dos Sinos e de seus afluentes, e áreas com alto adensamento populacional, mais próximas da foz.
Na primeira porção, são reunidos os pontos de P1 a P12. Na segunda, os pontos de P13 a P25.
Na segunda porção, somam-se os despejos de esgoto não tratado, vindos das áreas urbanas da primeira porção, aos esgotos das áreas com população altamente adensada, para onde o Rio dos Sinos escoa. A qualidade da água nesta segunda porção é tipicamente mais baixa.
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