Terceiro encontro reuniu líderes da Farsul, Fecoagro e da cadeia da proteína animal com apresentação de resultados de equivalência nutricional do trigo para ração de aves e suínos
O projeto de ampliação da produtividade gaúcha, que passa pela otimização de culturas de inverno, reuniu líderes agropecuários do Estado para uma nova rodada de troca de informações.
Nesta quinta-feira (1º), foi a vez da Embrapa Trigo apresentar pesquisas sobre o grão e outros cereais alternativos ao milho para panificação e composição da ração de aves e suínos. Farsul, Fecoagro, Associação Brasileira de Proteína Animal e outras três unidades da empresa brasileira de pesquisa agropecuária participaram do encontro virtual.
O Chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Trigo em Passo Fundo (RS), Jorge Lemainski, demonstrou análises de equivalência nutricional dos cereais, com base nas pesquisas conduzidas na unidade de Suínos e Aves em Concórdia (SC).
Segundo ele, com a utilização de trigo é possível substituir até 100% do milho na ração animal. No uso do triticale, também é possível substituir totalmente o milho na suinocultura e em até 85% na ração avícola (foto).
“Os números no balanço nutricional são apenas um indicativo, já que podem sofrer ajustes na indústria, variando em função da fase de desenvolvimento dos animais, da mesma forma que os resultados dos grãos podem variar a cada safra”, explica Lemainski.
Ele mostrou, ainda, resultados no uso de cereais de inverno na pecuária, destacando que a alimentação à base de forragens, como pasto e silagem, pode representar um custo quatro vezes menor do que o uso de rações e concentrados.
Repercussão entre produtores e mercado
Um dos coordenadores do projeto, o presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), ex-ministro Francisco Turra, se empolgou com os resultados da Embrapa Trigo e a repercussão do projeto.
“Essa ideia ganhou uma proporção incrível, com a adesão de muita gente. Hoje, além da alternativa viável do trigo, triticale, aveia e cevada na metade Norte, temos o milho nas terras baixas, viabilizado pela Embrapa Clima Temperado. A participação da Embrapa é fundamental para hoje estarmos mais próximos,” comemorou Turra.
O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, Ricardo Santin, ressaltou a importância dos resultados em um momento de alta complexidade para a produção de aves e suínos no RS e SC, em razão da forte alta especulativa nos custos da ração animal.
“”Este é um momento delicado para o setor produtivo e para o país. A alta histórica dos custos de produção se somam aos custos de manter o abastecimento em meio à pandemia, impactando os preços dos produtos para o consumidor. Por isto, este trabalho de buscas por insumos alternativos para a cadeia produtiva de proteína animal é fundamental e estratégico para a produção de alimentos,” analisa.
O presidente da Farsul, Gedeão Pereira, ressaltou o protagonismo gaúcho ao liderar o projeto que une as metades Norte e Sul do Rio Grande do Sul, distintas do ponto de vista da produção agropecuária, mas também Santa Catarina, por meio da Federação da Agricultura local (FAESC).
Ele lembrou que na segunda-feira (5), a campanha “Trigo gaúcho é bom, é gaúcho e é nosso,” será lançada em reunião virtual da Câmara Setorial do grão. A próxima reunião do movimento acontece na sexta-feira (9), com a apresentação da Embrapa Clima Temperado, de Pelotas (RS).
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